"Não, obrigado. Chamo aristocratas às pessoas como eu, que podem reivindicar para si três ou quatro gerações de pessoas, honestas, instruídas, cultas (não falo dos dons do espírito, isso é outra coisa), que, não tendo tido nunca necessidade de ninguém, nunca se baixaram diante quem quer que fosse. Assim foram meu pai e meu avô. E conheço muitas famílias semelhantes. Tu presenteias com trinta mil rublos um Riabinine e achas mesquinho que eu conte as árvores dos meus bosques. Mas tu hás-de ver um dia confiarem-te um arrendamento do governo e não sei que mais, o que eu nunca obterei. Aqui tens a razão por que cuido dos bens que meu pai me deixou e daqueles que angariei com o meu trabalho... Nós é que somos os aristocratas, e não aqueles que vivem agarrados aos poderosos deste mundo e por pouco se deixam comprar..."
Anna Karenina, Leo Tolstoi, Trad. José Saramago
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