A celebração litúrgica do Natal na Madeira inicia-se com as novenas, denominadas Missas do Parto. A primeira ocorria a 16 de Dezembro e a última a 24. Mas, nos dias de hoje, na maioria das paróquias, iniciam-se a 15 e terminam a 23. São, geralmente, celebradas ao romper da aurora, entre as 5 e as 7 h da manhã.
É costume antigo e documentado na ilha, pelo menos desde os finais do século XVII.
Estas novenas em honra da Virgem do Parto têm a sua origem na solenidade da Expectação do Parto da Santíssima Virgem, celebrada a 18 de Dezembro e nos dias seguintes antes do Natal. Eram muito conhecidas as antífonas rezadas nesta semana de devoção particular ao parto de Maria. Começavam todas pela letra Ó, e por elas se explica a designação popular de festa de Nossa Senhora do Ó.
As Missas do Parto são muito participadas, inclusive por pessoas que, habitualmente, não frequentam a Igreja. Para estas celebrações há cânticos próprios, alguns de origem desconhecida, que a maioria dos fiéis sabe de cor.
É costume antigo e documentado na ilha, pelo menos desde os finais do século XVII.
Estas novenas em honra da Virgem do Parto têm a sua origem na solenidade da Expectação do Parto da Santíssima Virgem, celebrada a 18 de Dezembro e nos dias seguintes antes do Natal. Eram muito conhecidas as antífonas rezadas nesta semana de devoção particular ao parto de Maria. Começavam todas pela letra Ó, e por elas se explica a designação popular de festa de Nossa Senhora do Ó.
As Missas do Parto são muito participadas, inclusive por pessoas que, habitualmente, não frequentam a Igreja. Para estas celebrações há cânticos próprios, alguns de origem desconhecida, que a maioria dos fiéis sabe de cor.
A ida para a igreja, quando não era frequente a utilização do automóvel, motivava a formação de grupos, nos diferentes sítios. O som do búzio servia para anunciar a hora da concentração. Gaitas, pifes, machetes, pandeiros, castanholas e outros instrumentos proporcionavam inusitada folia pelo amanhecer, a que não faltavam foguetes e bombas.
Na actualidade, há grupos que percorrem diversas paróquias numa espécie de romaria das Missas do Parto.
Terminada a missa, o adro da igreja converte-se em animado lugar de convívio, com partilha de bebidas quentes, em especial o cacau, canja, licores, broas e rosquilhas.
Entre 8 de Dezembro e o início das Missas do Parto, começam as tradicionais matanças de porcos para a Festa, costume que se mantém vivo fora dos aglomerados urbanos, dando lugar a convívios de familiares e amigos que repartem petiscos e bebidas, enquanto decorre a função. A carne de porco é essencial para os pratos da Festa. Contudo, raramente se verifica a produção de enchidos.
Igualmente, estas datas servem para «deitar as searas de molho». No dia de Nossa Senhora da Conceição, põe-se o milho a hidratar. Na primeira Missa do Parto, o trigo, a lentilha, o tremoço, a alpista ou o chícharo. Quando começam a germinar, plantam-se as gramíneas ou as leguminosas em pequenos vasos de barro com terra, que são regados amiúde. Pela Festa, as searinhas já crescidas são colocadas na lapinha.
O armar da lapinha acontecia habitualmente nas vésperas do dia de Natal. Nos dias de hoje, ocorre mais cedo. Em algumas casas, no dia de Nossa Senhora da Conceição ou na primeira Missa do Parto já a lapinha está armada.
Dias antes da Festa, preparam-se licores e doces, bastante apreciados nesta época. A amassadura dos bolos de mel mobilizava a família, não somente na sua confecção em casa, ao redor de um grande alguidar, mas também na cozedura, que, no passado, se fazia, habitualmente, nos fornos das padarias. Além desta especialidade tradicional, preparam-se broas de manteiga, de mel ou de coco e rosquilhas. Quanto às bebidas licorosas, são muito reputados os licores de anis, maracujá e tangerina, bem como o tim-tam-tum.
A 23 de Dezembro, para o Mercado dos Lavradores, no Funchal, convergem numerosas pessoas. É a denominada «noite do mercado». No início deste século, transformou-se num acontecimento festivo, com cobertura televisiva e animação programada. Desde há cerca de trinta anos, um grupo de amigos tem vindo a animar esta noite com cânticos de Natal na praça do peixe do Mercado dos Lavradores.
Anteriormente, o mercado atraía a população funchalense pela oferta de produtos hortícolas frescos, fruta em abundância, pinheiros e outras ramas verdes para as ornamentações tradicionais, brinquedos e bugigangas. O ajuntamento de pessoas proporcionava também momentos de diversão, com cantigas e despiques dentro do mercado e nas ruas limítrofes durante toda a noite. As tascas desta zona eram muito frequentadas pelas bebidas e sandes de carne de vinho e alhos ou de fígado, que preparavam para os vendedores e clientes do mercado.
Na actualidade, há grupos que percorrem diversas paróquias numa espécie de romaria das Missas do Parto.
Terminada a missa, o adro da igreja converte-se em animado lugar de convívio, com partilha de bebidas quentes, em especial o cacau, canja, licores, broas e rosquilhas.
Entre 8 de Dezembro e o início das Missas do Parto, começam as tradicionais matanças de porcos para a Festa, costume que se mantém vivo fora dos aglomerados urbanos, dando lugar a convívios de familiares e amigos que repartem petiscos e bebidas, enquanto decorre a função. A carne de porco é essencial para os pratos da Festa. Contudo, raramente se verifica a produção de enchidos.
Igualmente, estas datas servem para «deitar as searas de molho». No dia de Nossa Senhora da Conceição, põe-se o milho a hidratar. Na primeira Missa do Parto, o trigo, a lentilha, o tremoço, a alpista ou o chícharo. Quando começam a germinar, plantam-se as gramíneas ou as leguminosas em pequenos vasos de barro com terra, que são regados amiúde. Pela Festa, as searinhas já crescidas são colocadas na lapinha.
O armar da lapinha acontecia habitualmente nas vésperas do dia de Natal. Nos dias de hoje, ocorre mais cedo. Em algumas casas, no dia de Nossa Senhora da Conceição ou na primeira Missa do Parto já a lapinha está armada.
Dias antes da Festa, preparam-se licores e doces, bastante apreciados nesta época. A amassadura dos bolos de mel mobilizava a família, não somente na sua confecção em casa, ao redor de um grande alguidar, mas também na cozedura, que, no passado, se fazia, habitualmente, nos fornos das padarias. Além desta especialidade tradicional, preparam-se broas de manteiga, de mel ou de coco e rosquilhas. Quanto às bebidas licorosas, são muito reputados os licores de anis, maracujá e tangerina, bem como o tim-tam-tum.
A 23 de Dezembro, para o Mercado dos Lavradores, no Funchal, convergem numerosas pessoas. É a denominada «noite do mercado». No início deste século, transformou-se num acontecimento festivo, com cobertura televisiva e animação programada. Desde há cerca de trinta anos, um grupo de amigos tem vindo a animar esta noite com cânticos de Natal na praça do peixe do Mercado dos Lavradores.
Anteriormente, o mercado atraía a população funchalense pela oferta de produtos hortícolas frescos, fruta em abundância, pinheiros e outras ramas verdes para as ornamentações tradicionais, brinquedos e bugigangas. O ajuntamento de pessoas proporcionava também momentos de diversão, com cantigas e despiques dentro do mercado e nas ruas limítrofes durante toda a noite. As tascas desta zona eram muito frequentadas pelas bebidas e sandes de carne de vinho e alhos ou de fígado, que preparavam para os vendedores e clientes do mercado.
A actual «noite do mercado» movimenta milhares de pessoas, já não tanto pela necessidade de comprar o que ali se oferece, mas pela diversão e o convívio que proporciona.
E tudo fica pronto para a Festa. Convém, todavia, lembrar as palavras do poeta José Tolentino Mendonça:
O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
E tudo fica pronto para a Festa. Convém, todavia, lembrar as palavras do poeta José Tolentino Mendonça:
O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Nelson Veríssimo.
Uma excelente síntese do que é o Natal madeirense, retirada na íntegra daqui.
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