segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Monday mood (36)

Na Páscoa, o presidente do governo regional da ilha colocou uma cerca sanitária em Câmara de Lobos porque um estudante universitário achou que ir para casa passar a quadra era fazê-lo com amigos e família. Enquanto esperava o teste, foi matando saudades de pessoas e lugares. No dia de Páscoa - não me recordo se já sabia positivo ou não - houve convívio em casa do rapaz, ele e trinta e nove outros à mesa, que Páscoa é Páscoa. Nos dias seguintes, os casos a multiplicarem-se, a indignação que não são todas as pessoas assim inconscientes e negligentes e - ruído tanto ruído... e, no entanto, a cerca aconteceu.   

Muito diferente é um espectáculo em Guimarães, que parece ter cumprido todas as regras da DGS, provavelmente de forma mais escrupulosa que algumas escolas, alguns shoppings, alguns estabelecimentos, que fazem o que lhes é possível - sei de uma loja que colocou uma cortina de plástico (ainda que grosso) entre a caixa e o cliente, por exemplo. Em Guimarães, o presidente decide que deixa de haver espectáculos culturais porque meia-dúzia de futeboleiros foi para as redes gritar que não percebe que não é possível ir à bola. Não é possível ir à bola porque não é possível fazê-lo sem claques. (Não é possível isolar os membros de uma claque, noção contrária à ideia de claque.) As redes tornaram todas as pessoas opinadores profissionais e alguns representantes daquela meia-dúzia votante soçobram ao ruído das massas. Resumindo, Guimarães é bola - não é cultura.

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