sexta-feira, 28 de maio de 2021

A Jéssica não é um monstro

 - diz a mãe da Jéssica. Se a mãe da Jéssica assumisse o que a Jéssica é tinha de assumir o seu papel naquilo que a Jéssica é. Estes educadores que acham que os seus educandos são muito engraçados - foi uma brincadeira que correu mal, diz a mãe da Jéssica - têm, de facto, muita graça. A graça de permitirem a perpetuação de cadeias de violência com efeitos tão nocivos para as vítimas que acabam por lhes dar cabo da vida - se não procurarem, entretanto, tratamento da "brincadeira". Provavelmente não vai acontecer nada à Jéssica, nem à mãe da Jéssica - deveria acontecer, mas neste país a violência é uma coisa muito pouco concreta e definida, os jovens brincam e são engraçados e não lhes assiste uma ponta de psicopatia, coisa de filmes e séries que só na América. Blá, blá, blá. Mas um dia a Jéssica terá filhos - e será ela a procurar tratamento da "brincadeira". Já vi acontecer, não me contaram. Pasme-se.

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