quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

The Traveller (1923), Camilo Mori


Campanhã, 7.45, uma equipa da RTP aparelha-se à entrada da estação. O movimento é pouco - eles dirão todo o dia, mas mais à hora de almoço e à hora do jantar, que foi nenhum. Não há filas, as bilheteiras abertas são duas, como dois são os comboios - um urbano, um regional - que atestam que a estação o é, ainda assim, ainda hoje. Face aos outros dias, é uma história de desolação e de abandono, a desta manhã aqui - eles dirão pior, muito pior que isto, mais logo. Subitamente, entristeço. Assim vazia, a estação cresce, estende-se para o interior e para o Douro num eixo que podia ser o túnel de São Bento prolongado até Braga. Meço a alegria pelo ruído, pelo movimento. Sempre foi assim. Casa cheia, casa alegre. Família grande, família feliz. Na nossa linha, como nós, meia dúzia de pessoas disfarça o frio com o exercício de esperança que é a espera. O comboio chega à hora assinalada no painel, entramos. Pessoas entram em todas as paragens, passes mais caros são mostrados, bilhetes mais caros são obliterados, informações acerca dos novos títulos são dadas, tudo normal. Passou-me a melancolia, fecho o rosto. Sou a única a acusar irritação por esta absurda normalidade.

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