sexta-feira, 11 de maio de 2012

Empreendedorismo, esse ... (insira palavrão)


"O axioma neoliberal de que o princípio ativo do mundo é o mercado e de que neste vencem os mais empreendedores sujeita-nos a todos a um clima progressivamente mais competitivo, porque o espaço de mercado não é ilimitado e para uns vingarem outros terão de ficar pelo caminho. Se a competição é um traço inscrito na relação entre as espécies em qualquer ecossistema, erigi-la em princípio primeiro da existência social perverte a relação entre os indivíduos, exacerba a agressividade e, a prazo, produz uma elite de vencedores e uma imensa massa de derrotados.
É a instalação deste princípio neoliberal que destrói o poder integrador da relação de trabalho, que corrói o equilíbrio entre empresa integradora e empresa competitiva, que desgasta as relações laborais, que submete os indivíduos à evidência de que bater a concorrência é fazer melhor e mais barato, ou seja, trabalhar mais e mais qualificado ganhando menos, ganhando muito menos às vezes, não ganhando nada (o “ganhar currículo” dos estágios profissionais), pagando para trabalhar (quando a deslocação para longe consome mais do que o que se aufere).
O pano de fundo de tudo isto é a ameaça: não quer? Vá-se embora e deixe trabalhar quem está disposto a tudo no desespero das fileiras do desemprego. Cereja em cima do bolo: está desempregado? Tire um curso de empreendedorismo. A seguir, monte um negócio, uma microempresa, uma coisa qualquer. Não consegue ter clientes? Ainda não tem as competências necessárias, não desista da aprendizagem ao longo da vida. Faça outro curso de empreendedorismo – e assim por diante."

Luís Fernandes, a ler na íntegra aqui.

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