domingo, 25 de março de 2018

Contra a concepção instrumental do próximo

Vivemos numa época em que os pecados sociais adquiriram especial relevo e gravidade, porque são os que nos afectam. E o mais grave de todos eles é a transformação dos homens de fins em meios, essa concepção instrumental do próximo que é a coisa mais anticristã que se inventou. Como gostaríamos nós, cristãos, que os senhores pregassem contra ela e deixassem para o confessionário os pecados de alcova, tão monótonos, tão invariáveis, iguais hoje aos que cometia o rei David, nem mais nem menos, e tão frequentes hoje como em qualquer tempo passado! Além disso, são difíceis de evitar pelas leis do mundo, ao passo que os outros, se se criasse uma consciência colectiva adequada, poderiam ser evitados.
Gonzalo Torrente Ballester, Memória de um Inconformista, daqui.

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