Ontem morreu Lourdes Castro. Escrevi no Facebook que o nome tinha entrado na minha vida em 2014, mas pessoa amiga veio relembrar um convite para uma exposição em 2009. Como pude eu esquecer que já me tinha sido dado a conhecer a pessoa e a obra cinco antes antes? Enfim, razões que não vêm ao caso. Em 2014, eu estava a traduzir um tratado de botânica renascentista e a pessoa que me encomendara a tradução tinha aludido com tanto entusiasmo ao Grande Herbário de Sombras, que eu acabaria por lutar - só estava disponível numa livraria de arte o grande formato, capa dura - por comprar aquele que é até hoje o volume mais caro da minha biblioteca. Pouco depois o Grande Herbário haveria de ser reeditado, inclusive num formato mais económico. Desde então e até há bem pouco tempo, pude acompanhar de perto alguns projectos, exposições e homenagens, porque no meu trabalho privava com alguém que a conhecia bem. Essa pessoa foi tecendo fios invisíveis entre ambas, sempre que eu indagava pela Lourdes. Foi nessa altura que comecei a pensar no seu regresso à ilha, no círculo íntimo, na sombra. É preciso ser ilhéu e ter abandonado a ilha para saber o que isso significa. Antes e depois de tudo o mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário