Acabei ontem de ver a primeira temporada da série. Não verei as seguintes. Gostei muito e não gostei nada. Gostei muito da ideia e do potencial que encerra. Não gostei da maneira como a história se desenrolou, ou foi escrita - já não se estudam tragédias (ananké, hybris, agón, anagnórisis, peripéteia, katastrophé, cathársis), pois não? Neste aspecto, prefiro as minhas séries britânicas de crime. Dei comigo a pensar se quem escreve hoje para televisão lê. Quem lê hoje? Quem lê hoje escreve? Cada vez mais me parece que só encontro histórias bem contadas, com um domínio perfeito dos momentos de tensão e um desenho notável das reviravoltas, nos livros de autores contemporâneos anglófonos e dos nobelizados mais recentes. Mas pode ser de mim.
Como vi muito depois de toda a gente, não sei de que é que as pessoas pessoas gostaram, mas quase aposto que as pessoas gostaram desta ou daquela personagem. É o que sempre acontece quando o guião é básico. E o produto é de entretenimento. E pode ver-se num ou dois fins-de-semana. Também aqui dei comigo a pensar se as personagens que mais detestei não serão aquelas que ganharam o coração de toda a gente. Não fui pesquisar, não quero saber. Duas das três personagens de que mais gostei não viveram para contar a história. São os miseráveis mais miseráveis porque não têm futuro. Ainda estou a pensar nisto.
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