sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Parar e pensar

Ontem celebrou-se nos EUA o dia de Acção de Graças, mais conhecido por Thanksgiving. É um dia com uma história mais ou menos obscura, mais ou menos branqueada, que se tornou no dia que assinala o início das festas (Natal, Hanukkah, etc.). Não por acaso, nesta altura os autocarros desejam Seasons Greetings. Para não deixar ninguém de fora, para não excluir nenhuma cultura - e elas são várias na América. Os americanos vão para casa celebrar o dia de Acção de Graças na quinta-feira e só regressam ao trabalho na terça seguinte. É uma espécie de mini-férias, pois a seguir ao Thanksgiving vem a Black Friday, o dia seguinte, o dia em que os americanos compram as decorações de Natal - as decorações de Natal na América são uma coisa séria: vão desde os ornamentos e objectos de decoração da casa, passam pelos têxteis e pelos atoalhados e terminam na decoração e iluminação do exterior da casa - depois vem o fim-de-semana e, na segunda-feira a Cyber Monday. Os americanos compram nestes dias muitas coisas, algumas delas para o Natal, sim. Os americanos compram muito, é verdade, mas também trocam muito, devolvem muito, etc. Comprar na América é outra coisa. No dia 26 de Dezembro, por exemplo, há nova Black Friday (o Boxing Day) e é quando os americanos que eu conheço compram as prendas de Natal. O dia 26 de Dezembro nunca vai pegar cá, porque nós não somos a América. Comprar na América é outra coisa. E comprar na América hoje e segunda é cultural. Cá, as pessoas compram na Black Friday porque as lojas acenam-lhes com preços de bradar aos céus e elas não conseguem parar um pouco e pensar. Na protecção de quem trabalha, na pegada ecológica e em deixar de consumir desenfreadamente bens desnecessários. Quantas pandemias serão necessárias para começarmos a parar?

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