Não percebi a causa comum a que aludiu ontem o Presidente e embirro com expressões abstractas de tom grandioso. Mas percebi a infantilização, muito trocadinha por miúdos, e a citação - oh povo ignorante que quer desconfinar à pressa -, e a cenoura prometida depois da extensão do cárcere para lá da Páscoa. Depois do escândalo que foi a narrativa, parece que falhada, de ganhar o Natal, ousar falar em ganhar o Verão é um bocadinho ignóbil. Lembra-me um chefe que eu tive, que tinha a mania que ele é que sabia o que era o melhor a fazer, simplesmente porque o tinham colocado ali. Estes líderes que não percebem de quase nada, que não ouvem quem sabe, mas quem lhes agrada, e que acham que não precisam de mais nada porque têm visão - aquela visão de cima, de longe, do conforto do lugar que ocupam, e que querem manter sem custos de nenhuma ordem -, esquecendo-se que, à partida, também têm audição, acabam por espatifar-se na curva. O caminho quase nunca não é recto e, portanto, ter visão, ao contrário do que dizem os gurus do empreendedorismo, não é ser líder. É ser outra coisa... que não me apetece denominar agora.
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