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domingo, 11 de agosto de 2013

Olímpia Jack

Na estrada que vai para Patrai e que está marcada no mapa com raminhos de oliveira e cachos de uva como os que produzia a terra prometida, estava Jack, o de Olímpia. Tinha mudado; os rios pedregosos e secos pareciam despertar-lhe estranheza; e olhava a paisagem humana das pequenas vilas sem ocultar que se surpreendia. Uma lucidez desesperante tinha alterado o seu espírito. O mundo emergia do caos, e a luz era ele agora quem a irradiava. Mas não reconhecia o que via.

- Não viajarei mais - disse ele, como se descobrisse uma identidade estranha que lhe pertencia. Vi-o andar no cais ao escurecer, e a sua figura esguia, o barco cheio de luzes e que não era o dele, comunicavam quase uma sensação de pobreza enganada pelo vil desprendimento. Da energia humana ninguém sabe ainda nada. Ela converte os homens em joguetes fantásticos, dá-lhes voz e razão, segreda-lhes as verdades ocultas no cosmos, e enche-lhes o vazio cérebro de respostas sublimes ao seu próprio destino. E faz com que a terra produza frutos maravilhosos, entre os quais a força do que se espera indefinidamente. 

 - Agustina Bessa-Luís, Conversações com Dimitri e outras Fantasias.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Coisas que foram caindo em desuso - 4

''Os sentimentos muito profundos não se partilham. Não pertencem à História, não são do domínio público.''


Agustina Bessa-Luís em carta escrita na morte de Sophia de Mello Breyner

domingo, 15 de abril de 2012

A twin flame of mine - 3

François Boucher, Portrait of Madame de Pompadour, 1756

Francamente - porque pensam que escrevo? Para incomodar o maior número possível de pessoas com o máximo de inteligência. Por narcisismo, que é um facto civilizador. Para ganhar a vida e figurar no Larrouse com o mesmo realismo utópico aplicado a Madame de Pompadour. Que, sendo pequenina e abonecada, ali se apresenta como "grande, bien-faite". A fama de uma pessoa confunde o juízo, como o amor fabuloso e o erotismo pedante.

(Resposta a um inquérito do jornal Libération, publicado na colecção "Le Livre de Poche", 1988)


Agustina Bessa-Luís, Contemplação Carinhosa Da Angústia