Talvez o mundo colapse e se afunde; mas pelo menos será por motivos políticos e económicos comummente aceites, pelo menos será com a ajuda a ciência, da técnica e da opinião pública, e com todo o engenho ao alcance do homem! Sem catástrofes cósmicas, apenas uma sucessão de motivos nacionais, de poder, económicos e outros. Contra isso não há nada a fazer.
A voz interior ficou em silêncio por alguns instantes.
- E não tens pena da humanidade?
- Espera aí, não te precipites! Ninguém diz que toda a humanidade tem que ser extinta. As salamandras só precisam de mais costas onde viver e pôr os seus ovos. Talvez em vez de continentes compactos façam da terra firme uma série de faixas compridas para terem um máximo de linha costeira. Digamos que nessas faixas de terra sobreviverão algumas pessoas, está bem? E que irão produzir metais e outras coisas para as salamandras. No fim de contas, as salamandras não podem trabalhar com o fogo, compreendes?
- Então, os homens vão servir as salamandras?
- Vão, se queres pôr as coisas nesses termos. Vão simplesmente trabalhar em fábricas como agora. Apenas vão ter outros amos. Ao fim e ao cabo, talvez nem mude tanta coisa...
Karel Čapek, A Guerra das Salamandras, trad. Lumir Nahodil.
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