Respondi-lhe pouco depois, como sempre fazia, agradecendo a lembrança mas declinando o convite. Atualizei a minha morada e número de telefone, por solicitação sua, mas já não pertencia ao seu mundo nem ela ao meu. Era-me estranha. Não tinha saudades nem alimentava curiosidade sobre aquilo em que se tornara. Passara-me tudo, completamente. Não previ que, a partir do momento em que lhe facultasse os meus contactos, pudesse recomeçar a ser alvo da sua constante solicitação, sobretudo via telefone. Não tinha vontade de a ouvir falar sobre o que não me interessava e não havia nada que desejasse contar-lhe. Como é que a Tony não compreendia, nem que fosse pelas minhas pausas e silêncios telefónicos, que tínhamos desenvolvido interesses e vidas completamente diferentes?! Que estávamos acabadas uma para a outra?! Pus a mamã a atender, alegando que eu não estava em casa. Foi fácil. A mamã não viu na minha atitude nada de estranho, porque não acreditava em amigas.
A Tony tentou a via da correspondência. Passei a receber cartas pejadas de informação e fotos tiradas aqui e ali, sempre maravilhosa. Continuava a querer incluir-me na sua vida à força. Eu ia lendo as cartas de viés, respondendo pouco e mal ou ignorando. A certa altura deixei de responder. Não estava para fazer mais fretes.
Isabela Figueiredo, A Gorda.
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