Valorizo sobretudo quem trabalha. Há pessoas que
valorizam quem é bonito, outras que valorizam quem tem dinheiro, fama,
conhecimentos, poder, eu gosto de formiguinhas. Podia dar-me para pior.
Gosto
do Ronaldo mais porque ele é trabalhador do que propriamente por ser meu
conterrâneo. Mas reconheço na humildade e na abnegação de quem trabalha todos
os dias sem se queixar e sem atender ao ruído à volta características do sítio
de onde venho. Voltando ao Ronaldo, não faço ideia se ele
violou ou não a menina, que tem nome, que não se pode deixar sem nome: Kathryn. Confesso que essa possibilidade me perturba, confesso que já não posso ver a cara nem de um nem de outro, sobretudo porque me
perturba a certeza de, no nosso tempo, neste mundo, nunca o virmos a saber.
Parece-me também que é muito
fácil a quem tem dinheiro, fama, conhecimentos, poder – no fundo é sempre o poder – usar e abusar de quem o não tem, sem sequer o
valorizar – perceber, percebem sempre, vá. E também não me surpreende (muito)
que, a reboque do feminismo e dos novos movimentos entretanto nascidos, muita
menina aproveite para tentar melhorar a sua situação financeira. O que é pena,
porque enfraquece a ideologia e descredibiliza os movimentos.
Ainda assim, o
abuso (sexual, moral, etc.) não é de hoje mas é uma realidade ainda hoje, não
temos como negá-lo. E se vitimiza mais as mulheres do que os homens, isso
resulta da assimetria inerente à relação de poder que coloca tendencialmente o
homem no topo da hierarquia. Quando assumirmos isto como sociedade, sem
excepções e sem adversativas, quando o não que se diz for o não que se ouve,
quando houver mais mulheres no topo da hierarquia – sim, sim, é disto que se trata também – talvez se possa ouvir melhor.
Não é não é não é não é não é não.
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