Há cerca de dez anos, por um acaso do destino, comecei a pensar na Escola. No que ela faz, no que ela não faz, no que ela é, no que ela poderia ser. A celeuma que o regresso das aulas à televisão causou levou-me a ir ver uma aula da minha área. Ao contrário do que dizem os protectores dos professores, quase todos seus colegas de profissão, e eles próprios, para se protegerem do escrutínio, as aulas na televisão não expõem os professores devido ao pouco tempo de preparação que tiveram ou à sua falta de formação em televisão. Nada disso, de resto, lhes pode ser pedido. A um professor só se pode pedir que ensine. A aula a que assisti foi muito instrutiva. As fragilidades das práticas lectivas e didácticas de alguns professores, o seu domínio científico e o conhecimento pedagógico que são capazes de elaborar e transmitir e que determina o futuro e os interesses de gerações sucessivas de alunos, e o emprego, e a sociedade, ali. Eu já sabia que era assim. Mas ver, em tempo real, de onde vêm os bordões e as imprecisões, perceber por que razão é preciso passar o primeiro ano a ensinar o bê-a-bá da escrita é muito bom. A culpa não é dos professores. Dizê-lo é uma ousadia, mas é verdade. É preciso repensar a Escola. O seu sentido, o futuro, o que queremos dela.
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