sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Anacronismos

Fui esta tarde a um lançamento de um livro de natureza académica sobre coisas da vida que tenho como reais, factuais: já estive, por mais do que uma vez, na presença da maior parte dos seus agentes, e pude constatar que sim, vivem o que escrevem. Dei por mim a pensar nos quase quatrocentos quilómetros de distância que vão do Porto a Lisboa. Quatrocentos quilómetros que correspondem a outros tantos anos-luz, ou mais, de conhecimento de certas realidades. No norte hipotetiza-se, questiona-se se porventura, não se sabe se se pode considerar que, se existirá, o que em Lisboa se é, porque se fez lá atrás, lá atrás. Fiquei triste. Há um fosso tão grande entre o norte e a capital, a academia e o Estádio, nós aqui e eles lá em baixo, muito, mas muito mais, à frente. Sempre achei provinciana a necessidade de migração da minha geração para a capital. Sempre me orgulhei das várias capitais que me foi dado habitar, das minhas várias casas, do meu cosmopolitismo, da adaptação a todo-o-terreno inscrita na condição de ilhéu.

E, contudo, eu sabia que um dia ia arrepender-me de ter feito as malas, de ter uma ética, de ter recusado ser carneiro em Lisboa. Esse dia foi hoje.

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